A Gira, sessão espírita da Umbanda, começa com o medium líder, que é chamado Babá, Pai de Santo, Mestre entre outras denominações, defumando e enfumaçando os seguidores e firmando o Congá. Firmar o Congá é encher taças com água, para condensar energia, acender sete velas, uma para cada Orixá e fazer uma oração mental "edificante". Depois, "firma a Tronqueira da casa" acendendo uma vela e servindo cachaça para o Exú chefe. Outro sincretismo da "religião original", posto que no Candomblé, mais antigo, todos os rituais começam com oferenda a Exú, aquele que é intermediário entre homens e Orixás. A seguir, mais fumaça nos consulentes.
Os mediuns vestidos de branco posicionam-se, em relação ao Congá: mulheres à esquerda; homens à direita e os consulentes sentados. O medium-chefe, então, pede a proteção dos Orixás e das entidades e faz uma palestra de abertura para sintonizar a platéia com vibrações positivas. Começam os pontos cantados e os mediuns, incorporando os Eres, os espíritos de "crianças" para fazer o atendimento espiritual.
Encerradas as consultas, após 10 minutos de intervalo, começa outra Gira que deverá convocar os espíritos dos caboclos, novamente embalados pelos cantos. Com os caboclos, mais fumaça, porque estas entidades gostam de charutos. Repete-se o intervalo que precede a terceira sessão: a Gira dos Pretos-Velhos, que preferem fumar em cachimbos. Finalmente, procede-se à Gira dos Exús que também são fumantes de charutos e têm a função de cumprir as determinações deliberadas nas Giras anteriores, ou seja, fazer o serviço. Como já foi mencionado, existem também as Giras internas, fechadas ao público, destinadas aos adeptos que precisam "desenvolver a mediunidade", estudar a "doutrina" ou, ainda, para a limpeza espiritual da Tenda.
Gira de Umbanda:
é um termo cujo significado é sessão umbandista, com cânticos, danças, rezas e passes magnéticos fluidificados. As giras internas são fechadas para os que estão se iniciando na religião, desenvolvendo a mediunidade; as giras externas, abertas ao público, destinam-se à promoçao de curas e resolução dos mais diferentes problemas.
O desenvolvimento Mediúnico.
A gira de desenvolvimento Mediúnico visa desenvolver não só o contato com as outras esferas, mas antes desenvolver e aprimorar suas próprias capacidades internas, melhorando seu relacionamento com o seu semelhante e com o mundo que o cerca .
È no desenvolvimento que o médium aprende que a mediunidade não é brincadeira, é tão séria que chega interferir na vida do médium em seus aspectos mais profanos, o fato de alguém ser médium não quer dizer em absoluto q seja melhor do que os outros pelo contrário,
Existe deveres e obrigações a serem cumpridos perante a comunidade.
È necessário que se adaptem de forma disciplinada e responsável ao meio que se vive.
Hierarquia dentro dos Terreiros de Umbanda
Dentro dos terreiros de Umbanda existe organização e disciplina, além de todo um sistema que objetiva manter esta organização, alguns terreiros, dependendo do tamanho dividem-se em parte administrativa e espiritual.
Estaremos discorrendo agora a respeito dos cargos dentro da hierarquia espiritual mais comumente encontrados nos Terreiros de Umbanda:
Babalorixá ou Ialorixá
É o dirigente do terreiro (Babalorixá se for homem e Ialorixá se for mulher).
Esta figura é a responsável espiritual por tudo que acontecer dentro da gira (antes, durante e depois). Tanto o Babalorixá quanto a Ialorixá são também chamados de Pai no Santo e Mãe no Santo. Algumas pessoas falam pai de santo e mãe de santo, consideramos essa maneira incorreta, pois é na Lei do Santo que eles são Pai e Mãe.
Eles têm a função de cuidar e zelar da vida espiritual dos médiuns do terreiro, orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados a público. São os responsáveis por fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Astral, para o Terreiro.
Pai Pequeno e Mãe Pequena
São os futuros Babalorixá e Ialorixá. São a segunda pessoa dentro de um Terreiro de Umbanda. Têm como função auxiliar o Babalorixá e a Ialorixá em todos os trabalhos. Outras funções específicas variarão de terreiro para terreiro.
Médiuns de Trabalho
São os médiuns que dão consulta, as suas entidades já riscaram ponto, deram nome, e passou por alguns preceitos (isto também varia de terreiro para terreiro) que os firmaram como médiuns. Alguns chamam de Médiuns prontos, outros de Médiuns batizados outros de Médiuns feitos. Essa nomenclatura também varia de acordo com a orientação do Babalorixá ou Ialorixá, da raiz da Casa ou ainda de estado para estado.
Médiuns em Desenvolvimento
São médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento. Dependendo do terreiro eles podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha, mas ainda não dão consultas e as suas entidades ainda não deram nome ou não riscaram ponto. Estão sendo preparados para tornarem-se médiuns de trabalho.
Médiuns Iniciantes
Também como o nome diz, são médiuns que ingressaram a pouco tempo no terreiro e ainda não incorporam. Cambono (homem) e Samba (mulher).São os responsáveis por atender as entidades, no que diz respeito a acender charutos, velas, cachimbos, esclarecer a assistência o que a entidade está querendo dizer, coordenar a entrada da assistência para consulta ou passe.
Transa
É a pessoa responsável por distribuir as fichas de atendimento (quando o caso) e coordenar a entrada da assistência. Muitas vezes, dependendo do tamanho do terreiro acumula função de cambonagem.
Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã
É a pessoa que bate (toca) o tambor. Na realidade na Umbanda, a concepção de Ogã é totalmente diferente do Candomblé e do Omolocô, onde a pessoa é preparada especificamente para esse fim.
A função do tambor é a de ajudar na invocação das Entidades, deve ter toques harmoniosos e diferenciados para cada Linha.
Curimba é o nome que damos para o grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de Umbanda. São eles que percutem os atabaques (instrumentos sagrados de percussão), assim como conhecem cantos para as muitas “partes” de todo o ritual umbandista. Esses pontos cantados, junto dos toques de atabaque, são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos nós.
Muitas são as funções que os pontos cantados têm. Primeiramente uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da casa. Assim temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, etc.
Temos também a função de ajudar na concentração dos médiuns. Os toques assim como os cantos envolvem a mente do médium, não a deixando desviar – se do propósito do trabalho espiritual. Além disso, a batida do atabaque induz o cérebro a emitir ondas cerebrais diferentes do padrão comum, facilitando o transe mediúnico. Esse processo também é muito utilizado nas culturas xamânicas do mundo afora.
Os pontos transformam – se em “orações cantadas”, ou melhor, verdadeiras determinações de magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento sagrado e divino. Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda.
A Curimba também é de suma importância para a manutenção da ordem nos trabalhos espirituais, com os seus pontos de “chamada” das linhas, “subida”, “firmeza”, “saudação”, etc. Entendam bem, os guias não são chamados pelos atabaques como muitos dizem. Todos já encontram – se no espaço físico - espiritual do terreiro antes mesmo do começo dos trabalhos. Portanto a curimba não funciona como um “telefone”, mas sim como uma sustentadora da manifestação dos guias. O que realmente invoca os guias e os Orixás são os nossos pensamentos e sentimentos positivos vibrados em vossas direções. Muitas vezes ao cantar expressamos esse sentimentos, mas é o amor aos Orixás a verdadeira invocação de Umbanda.